domingo, 2 de fevereiro de 2014

DIA 2 - Lisboa-Budapeste

Quando peguei o vôo pra Budapeste já eram meia-noite, então vou contar como dia 2.

Então, finalmente achei bem legal ficar na janelinha, porque deu pra entender algumas coisas sobre o território europeu. Minha orientadora de pesquisa vivia falando o quanto imagens noturnas nos ajudam a compreender os territórios e que o território europeu era diferente do brasileiro. Era difuso, ou seja, várias cidadezinhas pequenas perto umas das outras, espalhadas pelo território e geralmente ligadas a uma cidade maior. Durante todo o tempo em que fiquei acordada no vôo (cerca de 1 hora e meia), não sobrevoamos nenhuma grande área sem algum tipo de ocupação urbana.

Hora de abstrair a imagem:
Ignorem meu reflexo na janela e reparem nos pontinhos amarelos espalhados. Viram como não tem grandes áreas escuras, nem extensas áreas iluminadas?! Bem diferente do território brasileiro, em que geralmente temos uma grande aglomeração urbana e exteeeensas áreas rurais.



Até mais!

DIA 1 - conexão de 15 horas em Lisboa

Então, a intenção do blog era me fazer escrever todos os dias, tirar fotos e observar melhor a cidade e tudo que acontece à minha volta. E aí que já faz uma semana que estou pelazoropa e ainda não postei nada sobre. Mass... antes tarde do que nunca né?!

Saí de Brasília umas 7 e pouco da noite e cheguei em Lisboa de manhãzinha, lá pelas 7h da manhã. Peguei os 30 minutos de internet grátis do aeroporto pra avisar minha família que eu tinha chegado bem e pra achar um jeito bom de dar um rolê pela cidade. Do jeito que eu tinha olhado, ia pegar uns dois ônibus pra chegar até o Cais do Sodré, mas logo que saí do aeroporto vi um ponto escrito aerobus e o percurso ia exatamente até o Cais do Sodré.

Daí peguei esse bus, que aliás é uma ótima dica pra quem vai passar só um dia na cidade: você paga 3,50 euros e o ticket tem validade de 24h. E no caminho já vi muita coisa legal, como o Parque José Gomes Ferreira, que tinha uma perspectiva muito bonita na entrada, e também toda a configuração da cidade que vai mudando no caminho do aeroporto até o Cais: recuos, gabaritos, tipologias, espaços públicos etc. Quero voltar e ver tudo com mais calma!

Chegando no Cais, segui pela margem do Tejo até o rumo do Museu Nacional de Arte Antiga, não foi planejado, mas foi bem legal. Não entrei no museu porque a pracinha em frente me chamou muito mais atenção. O relevo nessa parte é bem acidentado, e só pra chegar na praça tive que subir uma escadaria enorme!! Mas então, o legal da praça, Jardim 9 de Abril, é justamente a maneira como a inclinação natural do terreno é tratada. Tudo parece natural, com pequenos taludes e platôs que não desconfiguram o relevo.





Dá pra perceber isso bem nas fotos! Na primeira, o nível mais baixo, com vista pro Tejo e todos esses containers do cais; e o nível do meio, onde tem esse platô maiorzinho, com um pergolado, mesas com cadeiras e um bancão que é um semi-círculo. Na segunda e na terceira, esse nível do meio que acabei de falar e o nível mais alto que já é quase o nível da rua de cima.

Só depois, pelo google earth, fui perceber que os caminhos laterais são uma forma circular que envolve a praça. E puxa, que sacada! Eu não tinha pensado nisso antes, mas é realmente uma ótima maneira de resolver caminhos inclinados, já que a curva faz meio que uma diagonal, amenizando a inclinação natural do terreno. (Eu graficaria essa imagem pra mostrar melhor o que tô falando, mas por enquanto só tenho paint aqui, então fica pra próxima kkkk)



Outra coisa legal de observar, é a paginação dessas travessas laterais da praça e do estacionamento do museu. São vias que permitem a passagem do automóvel, mas não dão prioridade pra ele. Essa paginação indica através da forma e dos materiais usados, que a via é compartilhada, e que o carro deve dar preferência ao pedestre. Mas ao mesmo tempo, que o pedestre deve ficar atento à presença do carro. Gosto muito desses detalhes, acho que fazem toda diferença. Ah, na foto dá pra ver também a escadaria que tive que subir pra chegar até lá! heheh

Ainda sobre a praça, o platô em que fica o pergolado é muito bem pensado também. É muito legal ver o cuidado que a pessoa teve ao projetar, como as coisas foram bem executadas e têm tudo pra dar certo. Reparem que existem dois tipos de espaço no mesmo espaço, cada um com uma intenção diferente. Tem o bancão em semi círculo, que serve mais como contemplação, estar e tal. E as mesinhas com cadeiras que são direcionadas a outros tipos de atividades como uma refeição, jogos, etc.


Logo na rua de cima da praça, vi uma coisa que me fez lembrar das aulas que tive em projeto de intervenção em pré-existências, e entendi um pouco do que a minha professora sempre tentou explicar: como inserir um edifício novo num ambiente histórico sem que ele destoe muito da paisagem, mas que ao mesmo tempo não negue o seu tempo.


De cara já dá pra ver que o edifício é novo. Mas reparem a maneira como isso foi feito: o edifício começa na testada do lote, como o antigo ao lado, mas ao mesmo tempo é recuado na parte das janelas, criando varandas. As janelas do edifício novo são horizontalmente alinhadas com as do edifício antigo, mas ao mesmo tempo não são alinhadas no plano vertical por causa do recuo. Mas ao mesmo tempo o rítmo das janelas no sentido vertical também é mantido por causa dos pilarzinhos nas varandas. Além é claro do materiais, que evidenciam ainda mais o tempo de cada um.

Bom, a partir daí fui voltando por essa rua aí de cima e aprendi mais algumas coisinhas:



Espaço de recuo na calçada em que o carro pode estacionar (no canto inferior direito da foto). Reparem na diferença de material entre esse espaço e o espaço da via.


Faixa de pedestre que não apaga! hahaha Nesse caso a via toda é de pedra portuguesa. Mas fica a ideia de usar diferentes materiais para indicar faixas de pedestre.


Ponto de ônibus com informação das linhas que passam por ali e trajetos. Não é difícil né?! E facilita muito a vida de todo mundo.


Cinema Art Decó bem inserido no contexto do lugar. Reparem de novo no ritmo e alinhamento das janelas, no gabarito do edifício... Mas ao mesmo tempo, nos elementos marcantes do art deco, como a típica inspiração naval nesse elemento de destaque.


Não necessariamente um meio-fio deve fazer a separação da via com a calçada.


Diferença de materiais podem fazer um espaço público de qualidade. Isso é tipo um mirante pro Tejo, onde as pessoas ficam sentadas no chão ou na escada conversando, olhando pro rio, lendo um livro, fazendo piquenique, etc.



E pra fechar, esse foi meu almoço num snack bar do Mercado da Ribeira
Esse treco de salsicha tava beeem ruim, mas o pastelzinho de belém tava delis e eu tive que pedir outro hihi

O post hoje foi grande, mas os próximos vão ser mais leves heheh Falou galera!